terça-feira, 26 de junho de 2012

Campos de concentração nos Estados Unidos. PARTE II.O Começo do terror.


Distribuição dos Campos de Concentração (ou Realocação) no Oeste dos Estados Unidos.

A ação foi tomada em resposta ao ataque a Pearl Harbor  durante a II Guerra Mundial, pelo que os Estados Unidos se incorporaram às Forças Aliadas contra o Eixo Roma-Berlim-Tóquio, mas foram majoritariamente as pessoas de etnia japonesa que viviam na costa do Pacífico as submetidas a este internamento.
O Tenente-general John L. DeWitt, comandante da Defesa Oeste dos Estados Unidos, foi encarregue de internar os norte-americanos de etnia japonesa. Embora DeWitt comandasse a evacuação forçosa, inicialmente expressou a um superior a sua moléstia por esta ordem, alegando que:

“Um cidadão norte-americano é, afinal, um cidadão norte-americano.”

De Witt também assegurou que era possível diferenciar os estrangeiros leais aos Estados Unidos dos não leais.
O Secretário de Guerra Henry Stimson era de acordo com DeWitt, mas a histeria contra os cidadãos de origem japonês pronto alcançou os níveis militares e governamentais.
A 10 de dezembro de 1941, espalhou-se o rumor de que 20 000 Nisei estavam preparando-se para iniciar um levantamento armado em São Francisco. DeWitt pensava arrestar de imediato todos os japoneses étnicos, mas o chefe local do FBI conseguiu convencê-lo de que a informação era falsa.
Algumas organizações norte-americanas clamaram pelo encarceramento de todos os Nisei, entre as que se destacam a Legião Norte-americana e os Filhos Nativos do Dorado Oeste. O Secretário da Armada Frank Knox acrescentou mais pólvora à histeria antijaponesa ao declarar que se levara a cabo um efetivo trabalho de quinta coluna em Hawai, e ao recomendar a evacuação de todas as pessoas com sangue japonês de Oahu. Porém, a declaração de Knox foi desmentida, confidencialmente, por pessoas próximas ao Presidente Roosevelt.
O Congressista Leland Ford escreveu em meados de janeiro uma carta recomendando que todos os japoneses "sejam colocados em campos de concentração no interior", assegurando que os japoneses étnicos naturalizados que realmente quisessem demonstrar o seu patriotismo deveriam estar dispostos a aceitar este sacrifício. O Governador de Oregon Charles A. Sprague demandou mais proteção contra atividades estrangeiras, fazendo ênfase nos japoneses residentes na costa. Pela sua vez, o Prefeito de Seattle, Earl Millikin, assegurou que embora a grande maioria dos japoneses étnicos não fossem uma ameaça, outros eram capazes de "queimar a povoação" e facilitar um ataque aéreo japonês. O Governador da Califórnia, Culbert Olson, também participou na histeria assegurando que alguns residentes japoneses estavam comunicando-se com o inimigo ou se estavam preparando para formar uma quinta coluna.
A princípios de fevereiro, Los Angeles Times participou em acrescentar a histeria contra os japoneses:

“Uma víbora é uma víbora, sem importar onde se abra o ovo. Do mesmo jeito, um japonês-norte-americano, nascido de pais japoneses, converte-se num japonês, não num norte-americano.”

Depois DeWitt ordenou realizar registros nas casas de japoneses étnicos, com o objetivo de apoderar-se de câmaras e armas "subversivas". Quando o Fiscal Geral Francis Biddle alegou que era preciso apresentar uma possível causa de arresto, DeWitt assegurou que ser descendente de japonês era uma. Porém, após realizar várias procuras sem ordens de registro, até mesmo nas casas de cidadãos norte-americanos, o FBI reportou que não se encontraram armas que pudessem ser utilizadas para ajudar o inimigo, nem câmaras que estivessem sendo usadas em trabalhos de espionagem.
A 25 de janeiro de 1942, Biddle foi convencido por Stimson, que pela sua vez foi convencido por DeWitt, de estabelecer zonas proibidas para os estrangeiros de países inimigos, e zonas restringidas, onde os estrangeiros poderiam estar mas sob vigilância. Posteriormente, Biddle explicou que aceitara porque cria que somente os estrangeiros se veriam afetados, não os estrangeiros naturalizados ou os cidadãos descendentes de estrangeiros.
A 9 de fevereiro, DeWitt solicitou a Biddle incluir a Portland, Seattle e Tacoma na lista de zonas proibidas, o que significava a evacuação de milhares de pessoas. Biddle recusou, alegando que não recebera uma justificação para aceder. Contudo, Biddle agregou que se esta evacuação era uma "necessidade militar", a decisão devia ser tomada pelo Departamento de Guerra, não pelo Departamento de Justiça.
Quase de imediato, o Presidente Franklin D. Roosevelt foi pressionado por Stimson para que acedesse ao plano de DeWitt. Depois, uma delegação do Congresso enviou uma resolução a Roosevelt solicitando a evacuação imediata dos japoneses étnicos, sem distinguir entre estrangeiros ou cidadãos.
A 14 de fevereiro, DeWitt recomendou formalmente a "evacuação de japoneses e outras pessoas subversivas da costa do Pacífico. DeWitt assegurou:

“O fato de não ter ocorrido alguma sabotagem até a data é uma indicação perturbante de que tal ação ocorrerá.”

A 17 de fevereiro, Biddle insistiu frente do Presidente de que não tomasse esta medida pela última vez, argumentando que não havia evidência de um ataque iminente e que o FBI não tinha evidências de possíveis sabotagens. O Diretor do FBI, J. Edgar Hoover, também recomendou a Roosevelt que não evacuasse os japoneses, mas foi em vão.
A 17 de fevereiro, Biddle insistiu frente do Presidente de que não tomasse esta medida pela última vez, argumentando que não havia evidência de um ataque iminente e que o FBI não tinha evidências de possíveis sabotagens. O Diretor do FBI, J. Edgar Hoover, também recomendou a Roosevelt que não evacuasse os japoneses, mas foi em vão.
Campos do War Relocation Authority no Oeste dos EUA.

A 19 de fevereiro, Roosevelt assinou a ordem executiva Nº 9066, autorizando o Departamento de Guerra para delimitar áreas militares onde a permanência das pessoas seria decidida pelo Secretário da Guerra Henry Stimson. Este último aclarou a DeWitt que os descendentes de italianos não deveriam ser molestados, e que somente alguns refugiados alemães deviam ser considerados.

Uma apelação apresentada por organismos de defesa dos direitos humanos tentou impugnar o direito do governo a encerrar pessoas por razões étnicas, mas a Corte Suprema dos Estados Unidos recusou a petição.

A 23 de fevereiro, um submarino japonês I-17 disparou contra um armazém de combustível em Santa Bárbara, incendiando uns barris sem provocar baixas. Ao dia seguinte, unidades do Exército norte-americano em Los Angeles viram-se afetadas pela histeria e atiraram as suas armas antiaéreas ao céu. O ruído sobressaltou a algumas unidades de artilharia que também atiraram os seus canhões, cerca de 1430 cargas. Embora posteriormente esse episodio fosse chamado burlosamente a “Batalha de Los Angeles”, nesses dias somente contribuiu para incrementar a histeria populacional.

A 2 de março, DeWitt estabeleceu a Área de Exclusão Militar 1, que ocupava o oeste de Washington, Oregon, Califórnia e a metade sul da Arizona. A Área de Exclusão militar 2 ocupava o restante dos estados mencionados. DeWitt não pôde iniciar de imediato a evacuação porque se apercebeu que não era considerado um crime que um civil recusasse cumprir uma ordem militar. Stimson solucionou o problema criando uma lei que condenava tudo civil que desobedecesse um militar numa área militar a um ano de prisão e a uma multa de 5000 dólares. A 9 de março, a lei foi apresentada no Congresso, somente um senador republicano se opôs, e ninguém votou contra da lei. A 21 de março a lei foi assinada por Roosevelt e DeWitt finalmente obteve o sinal verde para iniciar a evacuação forçosa dos Nisei.

A 31 de março de 1942 a Zona 1 foi declarada fora de limites para qualquer pessoa de ascendência japonesa. De imediato ordenou-se que aqueles japoneses ou descendentes de japoneses residentes que se preparassem para partir, sem especificar o seu destino e limitando a sua bagagem a um bolso de mão. Embora 7 de cada 10 étnicos japoneses afetados pela medida tivessem nascido nos Estados Unidos, a ordem não fazia distinção sobre nativos ou estrangeiros.

Também se pensou em internar os estrangeiros alemães e italianos, mas houve tantos protestos que o governo norte-americano desistiu, argumentando que a estrutura econômica dos Estados Unidos ver-se-ia afetada e que o moral dos cidadãos descendentes de alemães e italianos decairia.
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